Maycira and company no puff gigante do Magno. Feito de balões, ocasionalmente se escutava um estouro na Galeria
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Denilson
Sentado na minha instalação, domingo à noite (a cadeira coberta com plástico bolha ficou solene)
Vista de cima da instalação final
Título: "Kit para acampar ou Retrato da artista quando jovem"
A filha da Marina entretida num jogo particular com os elementos da instalação.
A filha da Marina entretida num jogo particular com os elementos da instalação.
Instalação- versão 2 sábado madrugada
Descoberta do plástico bolha ; tentativa de solucionar o problema causado pela minha galeria de brinquedos (ver diário domingo)
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Diário: domingo
Só hoje, quarta-feira, estou postando o diário de domingo. Sorry para todos que acessaram o blog, mas não tive tempo de escrever (volta ao mundo das preocupações prosaicas: contas, supermercado, trabalho, etc.)
Retomando, ao voltar à Galeria no sábado a noite,um pouquinho depois das onze, fiquei até umas duas horas enrolando, tomando vinho com o Bruno (superman), Gustavo, Aline e Eva, no mezanino. Rolou um daqueles joguinhos que o Hilan adora fazer nas festinhas dele, tipo jogo da verdade: Você já ...? Foi divertido. Quando o vinho terminou, o pessoal resolveu cozinhar, macarrão! Resolvi que era tempo de parar de enrolar e começar a trabalhar meu espaço. Fiquei um bom tempo concentrada, mudando tudo de lugar. Não tinha percebido ainda como o plástico bolha é interessante plasticamente. Translúcido, maleável, leve. Parece uma camada de cristal quando colocado sobre certos objetos. Além disso, pode ser comprado em grande quantidade, tem uma largura razoável, e é relativamente barato(67 cents/metro). No futuro quero cobrir/enrolar um grande espaço com ele: chão, teto, paredes, móveis... Decidi adicionar a minha cadeira à instalação final. Ficou ótima envolta em plástico bolha. Nada mais a ver com a cadeira de praia. Um novo objeto, de museu (talvez porque esteja embrulhado?).
Hora de dormir. Sobre os pregos, claro. O Bruno me emprestou um edredon que eu coloquei entre mim e eles. No final funcionou. Fui me ajeitando no meio deles, e acabei dormindo profundamente. Não vi mosquito,luz,nada. Acordei em torno de 9h30, meio neurótica com o que tinha pela frente ainda pela manhã. Desmontar parte do meu espaço (roupas, livros, computador,etc), levar para o estúdio, baixar fotos, e ver o que fazer com a minha câmera, que havia travado na madrugada de sábado. Como todos ainda dormiam, deixei um bilhete que voltaria depois do almoço e corri para casa. Primeira coisa que fiz foi entrar no site da Canon Brasil e enviar um e-mail para a assistência em SP (até hoje ninguém respondeu, mas achei um lugar em BsB e a câmera já está sendo consertada, 190 reais!). Depois, acionei minha cunhada para me ajudar com a câmera de video, que pode ser usada no modo fotografia. Fácil, só que a qualidade da foto não é muito boa, a cor é superalterada, tudo meio lavado. Sorte é que o Hilan e a Waleska apareceram com cameras digitais durante a festa, e pude fazer alguns registros no domingo à noite.
Depois de almoçar na minha mãe, corri para a Galeria para trabalhar a versão final(?) da minha instalação. Na sexta-feira eu tinha comprado um rolho de 100 metros de plástico bolha, imaginando preparar uma cama enorme, alta e fofinha, meu objeto de desejo de toda essa semana passada na Galeria. Só que ao ver o rolo, fiquei tão apaixonada pelo formato, que mudei de idéia. Decidi construir uma grande torre, com o plástico bolha e os pregos. Homenagem ao Tatlin. Na prática nenhum dos dois projetos funcionou. A torre, além de não ser alta o suficiente dentro da escala do espaço, invertia a direção do meu trabalho, até então totalmente horizontal. Ficava complicado trabalhar os outros elementos; já a cama de princesa, só ficaria do jeito que imaginei se tivesse comprado, pelo menos, mais uns cinco ou seis rolos. Os 100 metros dão uma espessura de apenas cerca de 6cm, o que não é nada, já que eu estava imaginando algo pelo menos com um metro de altura. So, mudança de planos. De três da tarde até as oito da noite passei mudando objetos de um lugar para o outro. Variações sobre um mesmo tema, arranjos e rearranjos. Parar, olhar, mudar levemente de lugar, mudar de novo, olhar sob um outro angulo, mudar tudo de novo. Para quem fica vendo de fora pode parecer um ritual sem sentido, alienado... Tem uma cena de um livro do Castanheda que eu nunca esqueci, onde ele passa uma noite inteira mudando de um lugar para o outro, no pórtico da cabana do D.Juan, em busca do lugar certo para estar, uma espécie de ponto do poder; Matozo, o personagem neurótico (psicótico?)do Cristovan Tezza, só consegue retomar o equilíbrio depois de encontrar o "ponto ótimo". Aliás, acho mesmo que acabei não encontrando o "ponto ótimo" da minha instalação, mas o cansaço me venceu. Pensei em voltar à Galeria depois da residência, talvez uma vez por semana, para continuar trabalhando, quem sabe até o termino da exposição eu consiga chegar a algum lugar. Entre as dificuldades que consegui detectar, o mais complicado é a incorporação dos 7 objetos. Dispersos no nível do chão (e não mais na prateleira, isolados do restante da instalação), criam um ruído desgraçado. A referência infantil é muito forte, e as cores também, o restante dos materiais não consegue segurar, fica tudo contaminado. Ao traze-los para o espaço não pensei tanto neles como objetos mas como símbolos da minha intimidade. Só que no final, eu mesmo não estava muito convencida. Nalgum lugar esa regra do meu joguinho privado perdeu o sentido de ser.
Falando em voltar à Galeria para trabalhar, eu pensei mesmo foi em voltar para pintar. Ficou esse desejo em aberto. Não consegui incorporar a pintura ao meu projeto na Galeria. Pelo menos não o tipo de pintura que estou interessada no momento, que é a pintura de paisagem. Fiquei presa em outras experimentações. O espaço de habitar. Conversando com o Phil ficamos analisando minha afirmação de que na pintura, de alguma maneira, me parece que o jogo é mais crucial do que numa instalação. Minha última intuição sobre o assunto é que na pintura o resultado do jogo gera um novo objeto no mundo, enquanto numa instalação o jogo consiste em manipular objetos já existentes, a alteração gerada é um rearranjo de objetos já existentes, num deslocamento de contexto. As decisões numa pintura parecem envolver mais de perto a natureza das coisas.
Bom, a festa de reabertura da exposição e encerramento da residência seguiu até umas duas. Quando eu sai, perto da meia-noite, para jantar com o Phil e o Hilan, estava chegando mais cerveja e ainda tinha gente trabalhando (o Bahiano, a Marta, o André). Fiquei um pouco nostalgica ao me despedir das pessoas. Apesar do cansaço (dormi, em média, 3/4 horas na semana passada), gostaria de ficar mais tempo lá.
Segue abaixo uma listinha de 7 aspectos positivos da residência para mim:
1- A residência em si. Viver junto. Questões que me interessam, a comunidade artística, a comunidade acadêmica (UnB), a galeria de arte como um lugar vivo.
2- O primeiro blog. Descoberta de um veículo importante para compartilhar idéias e experiências. Pessoas que nunca tiveram contato com arte contemporânea visitaram o blog. Amigos em outras partes do mundo estiveram comigo na residência
3- Momento de reflexão sobre o meu fazer em arte. Instalação como delimitação de território; arte = jogo (um joguinho que mistura a intenção e a lógica do artista + a surpresa do acaso)
4- A visita dos amigos à Galeria durante a residência. Compartir com eles um momento de criação e reflexão sobre arte. Apresentar meus amigos para os outros artistas-residentes e seus habitats. O entusiasmo de todos os meus amigos com o projeto.
5- A fotografia e o diário como instrumento de registro do processo de criação. Seus altos e baixos, dúvidas, mudanças de rota.
6- A primeira regra/restrição do jogo que inventei para o meu projeto de residência, trazer para a galeria apenas material do meu atelier, basicamente restos de antigos trabalhos, se desdobrou, apontando vários mundos possíveis.
7- Teste de resistência: resistir à rotina, resistir ao conforto, resistir à vida do fácil acesso. Dormir sobre o plástico bolha ou sobre os pregos foi um exercício (simbólico) dessa resistência.
* Titulo do meu trabalho final: "Kit para acampar ou Retrato da artista quando jovem"
* Faltou agradecer a Mangala pela inspiração de participar do projeto. Até o final da exposição planejo passar uma noite no Espaço Sagrado que ela está montando do lado de fora da Galeria.
Retomando, ao voltar à Galeria no sábado a noite,um pouquinho depois das onze, fiquei até umas duas horas enrolando, tomando vinho com o Bruno (superman), Gustavo, Aline e Eva, no mezanino. Rolou um daqueles joguinhos que o Hilan adora fazer nas festinhas dele, tipo jogo da verdade: Você já ...? Foi divertido. Quando o vinho terminou, o pessoal resolveu cozinhar, macarrão! Resolvi que era tempo de parar de enrolar e começar a trabalhar meu espaço. Fiquei um bom tempo concentrada, mudando tudo de lugar. Não tinha percebido ainda como o plástico bolha é interessante plasticamente. Translúcido, maleável, leve. Parece uma camada de cristal quando colocado sobre certos objetos. Além disso, pode ser comprado em grande quantidade, tem uma largura razoável, e é relativamente barato(67 cents/metro). No futuro quero cobrir/enrolar um grande espaço com ele: chão, teto, paredes, móveis... Decidi adicionar a minha cadeira à instalação final. Ficou ótima envolta em plástico bolha. Nada mais a ver com a cadeira de praia. Um novo objeto, de museu (talvez porque esteja embrulhado?).
Hora de dormir. Sobre os pregos, claro. O Bruno me emprestou um edredon que eu coloquei entre mim e eles. No final funcionou. Fui me ajeitando no meio deles, e acabei dormindo profundamente. Não vi mosquito,luz,nada. Acordei em torno de 9h30, meio neurótica com o que tinha pela frente ainda pela manhã. Desmontar parte do meu espaço (roupas, livros, computador,etc), levar para o estúdio, baixar fotos, e ver o que fazer com a minha câmera, que havia travado na madrugada de sábado. Como todos ainda dormiam, deixei um bilhete que voltaria depois do almoço e corri para casa. Primeira coisa que fiz foi entrar no site da Canon Brasil e enviar um e-mail para a assistência em SP (até hoje ninguém respondeu, mas achei um lugar em BsB e a câmera já está sendo consertada, 190 reais!). Depois, acionei minha cunhada para me ajudar com a câmera de video, que pode ser usada no modo fotografia. Fácil, só que a qualidade da foto não é muito boa, a cor é superalterada, tudo meio lavado. Sorte é que o Hilan e a Waleska apareceram com cameras digitais durante a festa, e pude fazer alguns registros no domingo à noite.
Depois de almoçar na minha mãe, corri para a Galeria para trabalhar a versão final(?) da minha instalação. Na sexta-feira eu tinha comprado um rolho de 100 metros de plástico bolha, imaginando preparar uma cama enorme, alta e fofinha, meu objeto de desejo de toda essa semana passada na Galeria. Só que ao ver o rolo, fiquei tão apaixonada pelo formato, que mudei de idéia. Decidi construir uma grande torre, com o plástico bolha e os pregos. Homenagem ao Tatlin. Na prática nenhum dos dois projetos funcionou. A torre, além de não ser alta o suficiente dentro da escala do espaço, invertia a direção do meu trabalho, até então totalmente horizontal. Ficava complicado trabalhar os outros elementos; já a cama de princesa, só ficaria do jeito que imaginei se tivesse comprado, pelo menos, mais uns cinco ou seis rolos. Os 100 metros dão uma espessura de apenas cerca de 6cm, o que não é nada, já que eu estava imaginando algo pelo menos com um metro de altura. So, mudança de planos. De três da tarde até as oito da noite passei mudando objetos de um lugar para o outro. Variações sobre um mesmo tema, arranjos e rearranjos. Parar, olhar, mudar levemente de lugar, mudar de novo, olhar sob um outro angulo, mudar tudo de novo. Para quem fica vendo de fora pode parecer um ritual sem sentido, alienado... Tem uma cena de um livro do Castanheda que eu nunca esqueci, onde ele passa uma noite inteira mudando de um lugar para o outro, no pórtico da cabana do D.Juan, em busca do lugar certo para estar, uma espécie de ponto do poder; Matozo, o personagem neurótico (psicótico?)do Cristovan Tezza, só consegue retomar o equilíbrio depois de encontrar o "ponto ótimo". Aliás, acho mesmo que acabei não encontrando o "ponto ótimo" da minha instalação, mas o cansaço me venceu. Pensei em voltar à Galeria depois da residência, talvez uma vez por semana, para continuar trabalhando, quem sabe até o termino da exposição eu consiga chegar a algum lugar. Entre as dificuldades que consegui detectar, o mais complicado é a incorporação dos 7 objetos. Dispersos no nível do chão (e não mais na prateleira, isolados do restante da instalação), criam um ruído desgraçado. A referência infantil é muito forte, e as cores também, o restante dos materiais não consegue segurar, fica tudo contaminado. Ao traze-los para o espaço não pensei tanto neles como objetos mas como símbolos da minha intimidade. Só que no final, eu mesmo não estava muito convencida. Nalgum lugar esa regra do meu joguinho privado perdeu o sentido de ser.
Falando em voltar à Galeria para trabalhar, eu pensei mesmo foi em voltar para pintar. Ficou esse desejo em aberto. Não consegui incorporar a pintura ao meu projeto na Galeria. Pelo menos não o tipo de pintura que estou interessada no momento, que é a pintura de paisagem. Fiquei presa em outras experimentações. O espaço de habitar. Conversando com o Phil ficamos analisando minha afirmação de que na pintura, de alguma maneira, me parece que o jogo é mais crucial do que numa instalação. Minha última intuição sobre o assunto é que na pintura o resultado do jogo gera um novo objeto no mundo, enquanto numa instalação o jogo consiste em manipular objetos já existentes, a alteração gerada é um rearranjo de objetos já existentes, num deslocamento de contexto. As decisões numa pintura parecem envolver mais de perto a natureza das coisas.
Bom, a festa de reabertura da exposição e encerramento da residência seguiu até umas duas. Quando eu sai, perto da meia-noite, para jantar com o Phil e o Hilan, estava chegando mais cerveja e ainda tinha gente trabalhando (o Bahiano, a Marta, o André). Fiquei um pouco nostalgica ao me despedir das pessoas. Apesar do cansaço (dormi, em média, 3/4 horas na semana passada), gostaria de ficar mais tempo lá.
Segue abaixo uma listinha de 7 aspectos positivos da residência para mim:
1- A residência em si. Viver junto. Questões que me interessam, a comunidade artística, a comunidade acadêmica (UnB), a galeria de arte como um lugar vivo.
2- O primeiro blog. Descoberta de um veículo importante para compartilhar idéias e experiências. Pessoas que nunca tiveram contato com arte contemporânea visitaram o blog. Amigos em outras partes do mundo estiveram comigo na residência
3- Momento de reflexão sobre o meu fazer em arte. Instalação como delimitação de território; arte = jogo (um joguinho que mistura a intenção e a lógica do artista + a surpresa do acaso)
4- A visita dos amigos à Galeria durante a residência. Compartir com eles um momento de criação e reflexão sobre arte. Apresentar meus amigos para os outros artistas-residentes e seus habitats. O entusiasmo de todos os meus amigos com o projeto.
5- A fotografia e o diário como instrumento de registro do processo de criação. Seus altos e baixos, dúvidas, mudanças de rota.
6- A primeira regra/restrição do jogo que inventei para o meu projeto de residência, trazer para a galeria apenas material do meu atelier, basicamente restos de antigos trabalhos, se desdobrou, apontando vários mundos possíveis.
7- Teste de resistência: resistir à rotina, resistir ao conforto, resistir à vida do fácil acesso. Dormir sobre o plástico bolha ou sobre os pregos foi um exercício (simbólico) dessa resistência.
* Titulo do meu trabalho final: "Kit para acampar ou Retrato da artista quando jovem"
* Faltou agradecer a Mangala pela inspiração de participar do projeto. Até o final da exposição planejo passar uma noite no Espaço Sagrado que ela está montando do lado de fora da Galeria.
sábado, 10 de novembro de 2007
Diário: sábado
Ontem a noite, quando voltei do jantar com a Waleska e o Bruno (superman) e o Bruno (superactor!), estava todo mundo trabalhando febrilmente. Eu estava tão cansada que não consegui ter ânimo nem para ler. Me sentei na cadeira embrulhada na colcha, para fugir dos mosquitos, e fiquei cochilando. Não tive coragem de deitar porque de alguma maneira estava me sentindo culpada de não estar produzindo. Ao mesmo tempo, tenho me sentido totalmente envolvida com as experiências que me propus a viver na residência. Alias, descobri muito sobre como funciona a minha cabeça em particular com relação à criação dos meus trabalhos. Pela primeira vez, consigo ver a idéia de jogo embutida no meu processo criativo, a importância de criar restrições(as regras do jogo) e me manter fiel a elas. Quer dizer, existe um elemento aleatório em arte, que é a possibilidade de, conforme você vai avançando na sua relação com o trabalho, você pode mudar as regras do jogo, acrescentar novas regras, subtrair algumas. Mas ainda assim tem que estar dentro do mesmo jogo, como se fossem variações sobre um mesmo tema, ou algo parecido.
Essa noite dormi sobre os rolos de espagueti. Bem mais macio que o plástico bolha, apesar de cheio de altos e baixos. Hoje, última noite na Galeria, pretendo dormir sobre os pregos. As pessoas me perguntam o porquê dessa imposição de dormir mal. Plástico bolha, rolos plásticos, pregos. Masoquismo? Punição? Não sei, talvez tenha alguma coisa disso tudo. O que eu sei é que para mim são apenas desdobramentos da regra nº 1 do jogo que inventei, de só trabalhar com material encontrado no meu estúdio, basicamente restos de outros trabalhos.
Sábado: um tempo da minha manhã dediquei a rearranjar meu espaço, fazer alguns estudos para a montagem que estou querendo fazer amanhã. O que eu tinha em mente ontem à noite não vai funcionar. É uma idéia muito boa mas não tem muita relação com "o jogo X". Descartei. Será? Estou preocupada. Só tenho um dia e as possibilidades de variações são muitas, tenho que conseguir me concentrar para fazer as escolhas mais contundentes, mas afinadas com a minha experiência essa semana na Galeria.
Hoje recebi muitas visitas. Alger, Josi, Ricardo, Medina, Phil. Foi legal fazer o circuito da Galeria com eles. Entrar em cada um dos "habitats" e descobrir suas surpresas. É preciso olhar e olhar e olhar. A gente olha e não vê. Cada vez que eu caminho pela Galeria descubro alguma coisa que tinha passado desapercebida.
Foi divertido ter meus amigos por lá. Misturar esses dois mundos. Ricardo falou que queria se mudar para lá também. Phil se adaptou tão bem que trabalhou até as seis da tarde dentro da galeria... O almoço foi coletivo. Estava surpreendentemente gostoso. Depois do almoço e váris copos de vinho, toquei violão horrores, sem o menor pudor. O tradicional repertório romântico.
Agora a noite tinha festival de performances mas eu devo ter perdido. São quase onze horas e estava marcado para as 20h. Espero que o superman me perdoe, e tenha achado um óculos substituto para o Clark Kent...
Essa noite dormi sobre os rolos de espagueti. Bem mais macio que o plástico bolha, apesar de cheio de altos e baixos. Hoje, última noite na Galeria, pretendo dormir sobre os pregos. As pessoas me perguntam o porquê dessa imposição de dormir mal. Plástico bolha, rolos plásticos, pregos. Masoquismo? Punição? Não sei, talvez tenha alguma coisa disso tudo. O que eu sei é que para mim são apenas desdobramentos da regra nº 1 do jogo que inventei, de só trabalhar com material encontrado no meu estúdio, basicamente restos de outros trabalhos.
Sábado: um tempo da minha manhã dediquei a rearranjar meu espaço, fazer alguns estudos para a montagem que estou querendo fazer amanhã. O que eu tinha em mente ontem à noite não vai funcionar. É uma idéia muito boa mas não tem muita relação com "o jogo X". Descartei. Será? Estou preocupada. Só tenho um dia e as possibilidades de variações são muitas, tenho que conseguir me concentrar para fazer as escolhas mais contundentes, mas afinadas com a minha experiência essa semana na Galeria.
Hoje recebi muitas visitas. Alger, Josi, Ricardo, Medina, Phil. Foi legal fazer o circuito da Galeria com eles. Entrar em cada um dos "habitats" e descobrir suas surpresas. É preciso olhar e olhar e olhar. A gente olha e não vê. Cada vez que eu caminho pela Galeria descubro alguma coisa que tinha passado desapercebida.
Foi divertido ter meus amigos por lá. Misturar esses dois mundos. Ricardo falou que queria se mudar para lá também. Phil se adaptou tão bem que trabalhou até as seis da tarde dentro da galeria... O almoço foi coletivo. Estava surpreendentemente gostoso. Depois do almoço e váris copos de vinho, toquei violão horrores, sem o menor pudor. O tradicional repertório romântico.
Agora a noite tinha festival de performances mas eu devo ter perdido. São quase onze horas e estava marcado para as 20h. Espero que o superman me perdoe, e tenha achado um óculos substituto para o Clark Kent...
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Diário: sexta
Ontem à noite cheguei de volta à Galeria em torno de uma da manhã. Estava muito legal o ambiente da residência. Super-quietinho, eramos poucas pessoas. Uma música da Mercedes Sosa ao fundo, luz baixa, um verdadeiro oásis para o espirito. Fiz um café forte, abri uma barra de chocolate(amargo,bem amargo) e pronto, meu cansaço foi embora. Acho que fiquei lendo, desenhando e pensando sobre arte até quase quatro da manhã. Viver dentro de uma galeria tem este poder: você entra, e não tem jeito de não "estar arte". Existe uma "supraconsciência" pairando no ar, é como se fossemos espectadores o tempo todo, de cada gesto, de cada ação. E cada gesto ou ação quer ser arte, ou melhor, é arte.
A surpresa da manhã é que hoje teve aula de Yoga para o pessoal da residência. Evento paralelo organizado pela Eva, uma das residentes. Adivinha onde foi a aula? No mesmo lugar de sei lá, 20 anos atrás... Que coincidência. Parece que o círculo da minha residência vai se fechando. Fiquei pensando sobre isso. Escrevi algumas notas que vou publicar no final da residência, no 7ºdia.
De concreto, levei o violão para a Galeria (mas ainda não tive coragem de tocar, acho que meu repertório pode ser um pouco over e afastado no tempo para o restante dos residentes) coloquei meu sapo na "galeria de brinquedos" (já é o 4ºelemento da minha coleção), e iniciei a recriação do meu espaço. A partir da noção de território (palavra tomada emprestada da Mangala) e da minha obcessão com organização/variação/numeração comecei a visualizar outras combinações possíveis dos elementos que compõem o conjunto dos meus objetos.
Hoje a tarde saí para comprar alguns materiais para o meu projeto final, o qual estou planejando montar no domingo. Ontem a noite ele foi tomando forma, e agora a tarde acho que mais ou menos fechou.
São seis e meia, vou pegar o Phil no serviço e voltar para a Galeria.
A surpresa da manhã é que hoje teve aula de Yoga para o pessoal da residência. Evento paralelo organizado pela Eva, uma das residentes. Adivinha onde foi a aula? No mesmo lugar de sei lá, 20 anos atrás... Que coincidência. Parece que o círculo da minha residência vai se fechando. Fiquei pensando sobre isso. Escrevi algumas notas que vou publicar no final da residência, no 7ºdia.
De concreto, levei o violão para a Galeria (mas ainda não tive coragem de tocar, acho que meu repertório pode ser um pouco over e afastado no tempo para o restante dos residentes) coloquei meu sapo na "galeria de brinquedos" (já é o 4ºelemento da minha coleção), e iniciei a recriação do meu espaço. A partir da noção de território (palavra tomada emprestada da Mangala) e da minha obcessão com organização/variação/numeração comecei a visualizar outras combinações possíveis dos elementos que compõem o conjunto dos meus objetos.
Hoje a tarde saí para comprar alguns materiais para o meu projeto final, o qual estou planejando montar no domingo. Ontem a noite ele foi tomando forma, e agora a tarde acho que mais ou menos fechou.
São seis e meia, vou pegar o Phil no serviço e voltar para a Galeria.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Almoço com as estrelas
Mangala, Cirilo e Marta.
Restaurante Careca: arroz colorido, frango com molho de gengibre, chopsue de legumes
Restaurante Careca: arroz colorido, frango com molho de gengibre, chopsue de legumes
Aula
Pausa para o cafezinho; curso do Maravalhas no Mestrado do Dept.de Artes. Discussões filosóficas, RIZOMA!!!!
(meu pai dizia que eu tinha vocação para aluna, e é verdade, eu adoro um ambiente de escola)>
(meu pai dizia que eu tinha vocação para aluna, e é verdade, eu adoro um ambiente de escola)>
Nostalgia
O Departamente de Arte está ao fundo. ..Aqui no meio dessas árvores era o local onde eu tinha aula de Yoga, em 1981. Ano de início de todas as subsequentes rebeldias da minha vida...
Coleção
A coleção dos meus brinquedos está crescendo! (quando eu era criança as minhas bonecas ficavam numa prateleira acima da minha cama. Na hora de dormir eu ficava olhando para elas exatamente desta posição, de baixo para cima, e me dava uma culpa danada de deixá-las lá, sem o quentinho do cobertor)
Diário: quinta
3ºDIA
Foi o período mais esperado por mim e de certa maneira, o mais difícil. Ontem a noite quando cheguei na Galeria, louca pra descansar, ver um filme, ler, estava começando uma reunião que se prolongou por umas duas horas. serious stuff: o pessoal que fez a proposta inicial do projeto está preocupado. Acham que a residência esta gerando poucos resultados artísticos, se transformou mais numa vivência comunitária, e que o espaço está muito confuso visualmente. Isso gerou uma série de discussões onde só tive coragem de me colocar no final. Fiquei surpresa com o descompasso de expectativas. Eu não havia entendido que haveria uma preocupação com mostrar um
"resultado final" da residência para o público. A criação dos espaços individuais e coletivos, e a vivência compartilhada dentro desses habitats já são um resultado artístico em si. A gente está vivendo dentro de uma galeria de arte!O resultado até pode parecer o mesmo de visitar um Centro Acadêmico mas não é o mesmo, por princípio. Além disso, somos 25 artistas, com temperamentos completamente diferentes, confinados por apenas UMA semana num espaço comum, onde não existe diferença entre o espaço de habitar e o de produzir, e onde o tempo que cada um passa lá é totalmente variável. Acho que o resultado da residência/convivência vai se refletir no trabalho de todos nós, mas no tempo de cada um. De qualquer forma, a discussão gerou uma tensão, acionou a lampadinha da obrigação compulsória, que no meu caso, é tudo que eu não queria.
Apesar do cansaço das noites mal-dormidas, depois da reunião fiquei bebendo cerveja do lado de fora da Galeria até as três e meia da manhã, aproveitando para conversar, já que normalmente tenho saído cedo e voltado só a noite. Estranhamente, dormi muito melhor que nas outras noites. Mapeados os problemas, dureza da cama, frio e mosquitos, pelo menos os dois últimos eu acho que solucionei. Nem precisei do tarja preta. Acordei atrasada para a aula que eu queria assistir do Maravalhas, mas fui assim mesmo. Foi emoção/comoção caminhar pelo campus. Tirei algumas fotos do Dept de Arte. Nostalgia pura. A aula foi ótima, slides, discussões, leituras, pausa para o cafézinho, livros, e troca de figurinhas com a Waleska.
De volta à Galeria, sai só para almoçar (no Careca), e confesso que o resto da tarde foi muito improdutivo. É muito quente dentro da Galeria, e difícil de se concentrar, muita gente a volta. Pela primeira vez me senti inquieta de estar lá. Mas um banho de mangueira/banheira me renovou. Assisti um documentário sobre um jornalista independente, morto o ano passado em Oaxaca, primeira atividade do nosso ChillOut, no subsolo, e finalmente, consegui sentar para trabalhar, cinco horas da tarde. Mais tarde apareceu a Jussara para visitar. É bom receber visita dos amigos, falar sobre a residência, sobre os outros artistas, sobre arte. Acho que ela gostou.
Agora são quase meia-noite e ainda estou em casa, terminando de escrever e de baixar as fotos para o blog. Vou tomar um banho, pegar o violão e alguns catálogos do meu trabalho pra mostrar para o Denilson, o artista que veio da Bahia para fazer a residência, e voltar para dormir na Galeria. Com o sapo.
Foi o período mais esperado por mim e de certa maneira, o mais difícil. Ontem a noite quando cheguei na Galeria, louca pra descansar, ver um filme, ler, estava começando uma reunião que se prolongou por umas duas horas. serious stuff: o pessoal que fez a proposta inicial do projeto está preocupado. Acham que a residência esta gerando poucos resultados artísticos, se transformou mais numa vivência comunitária, e que o espaço está muito confuso visualmente. Isso gerou uma série de discussões onde só tive coragem de me colocar no final. Fiquei surpresa com o descompasso de expectativas. Eu não havia entendido que haveria uma preocupação com mostrar um
"resultado final" da residência para o público. A criação dos espaços individuais e coletivos, e a vivência compartilhada dentro desses habitats já são um resultado artístico em si. A gente está vivendo dentro de uma galeria de arte!O resultado até pode parecer o mesmo de visitar um Centro Acadêmico mas não é o mesmo, por princípio. Além disso, somos 25 artistas, com temperamentos completamente diferentes, confinados por apenas UMA semana num espaço comum, onde não existe diferença entre o espaço de habitar e o de produzir, e onde o tempo que cada um passa lá é totalmente variável. Acho que o resultado da residência/convivência vai se refletir no trabalho de todos nós, mas no tempo de cada um. De qualquer forma, a discussão gerou uma tensão, acionou a lampadinha da obrigação compulsória, que no meu caso, é tudo que eu não queria.
Apesar do cansaço das noites mal-dormidas, depois da reunião fiquei bebendo cerveja do lado de fora da Galeria até as três e meia da manhã, aproveitando para conversar, já que normalmente tenho saído cedo e voltado só a noite. Estranhamente, dormi muito melhor que nas outras noites. Mapeados os problemas, dureza da cama, frio e mosquitos, pelo menos os dois últimos eu acho que solucionei. Nem precisei do tarja preta. Acordei atrasada para a aula que eu queria assistir do Maravalhas, mas fui assim mesmo. Foi emoção/comoção caminhar pelo campus. Tirei algumas fotos do Dept de Arte. Nostalgia pura. A aula foi ótima, slides, discussões, leituras, pausa para o cafézinho, livros, e troca de figurinhas com a Waleska.
De volta à Galeria, sai só para almoçar (no Careca), e confesso que o resto da tarde foi muito improdutivo. É muito quente dentro da Galeria, e difícil de se concentrar, muita gente a volta. Pela primeira vez me senti inquieta de estar lá. Mas um banho de mangueira/banheira me renovou. Assisti um documentário sobre um jornalista independente, morto o ano passado em Oaxaca, primeira atividade do nosso ChillOut, no subsolo, e finalmente, consegui sentar para trabalhar, cinco horas da tarde. Mais tarde apareceu a Jussara para visitar. É bom receber visita dos amigos, falar sobre a residência, sobre os outros artistas, sobre arte. Acho que ela gostou.
Agora são quase meia-noite e ainda estou em casa, terminando de escrever e de baixar as fotos para o blog. Vou tomar um banho, pegar o violão e alguns catálogos do meu trabalho pra mostrar para o Denilson, o artista que veio da Bahia para fazer a residência, e voltar para dormir na Galeria. Com o sapo.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Diário: quarta
Ontem eu só voltei para a Galeria em torno de dez horas da noite. Supercansada, depois de oito horas no Banco, tomei uma sopa do Greens e passei em casa para escrever no blog. Quando cheguei na Galeria todo mundo estava trabalhando. Algumas pessoas pintado os vidros de fora da Galeria, outras costurando, meu vizinho desenhando uma janela... Eu quase nem tive ânimo para socializar, bebi um pouco de vinho, tirei umas fotos dos pés do pessoal (não tinha energia nem para levantar), li algumas páginas de um livro sobre a relação da arte contemporânea e sociedade de consumo "Cultura ou Lixo",e quando vi, estava dormindo sentada na minha cadeira de praia... Ainda tive forças para arrumar a cama, colocar o novo habitante do meu espaço na "vitrine de exposição" (ver Pikachiu), e entregar a camera para o Bruno tirar algumas fotos minhas dormindo. Apaguei, para acordar morrendo de frio e falta de posição algumas horas depois. E assim foi, a noite toda. Dorme, acorda, and so on... (hoje vou trazer umas meias de lã para esquentar os pés). Acordei meio quebrada mas dei conta de ir para o Bambu. Na volta, ao invés de ir direto para casa decidi tomar o café da manhã na Galeria. Foi ótimo, meu primeiro momento relax desde que cheguei. Sentada na varanda da nossa casa, de conversa com os vizinhos!!!
Amanhã vai ser melhor ainda, não vou trabalhar :)
Amanhã vai ser melhor ainda, não vou trabalhar :)
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Horarios
Para quem pediu meus horários na Casa:
Quarta- a partir das 21h
Quinta- todo o dia/noite
Sexta- só não estarei lá entre 11 e 14h
Sábado - a tarde e a noite
Domingo - manhã e noite (festa de reabertura da exposição)
Quarta- a partir das 21h
Quinta- todo o dia/noite
Sexta- só não estarei lá entre 11 e 14h
Sábado - a tarde e a noite
Domingo - manhã e noite (festa de reabertura da exposição)
Diário: terça
Ontem a noite foi a abertura da nossa residência. Eu, como sempre, cheguei correndo, atrasada(?)... Foi impactante chegar na Galeria. Todo mundo do lado de fora com a "mudança". Um clima assim meio anos 70. Música ótima.
Montei minha casa coma ajuda do Phil e do Medina. Ficou legal, mas dormir foi complicado. O Phil quis dormir comigo nessa primeira noite. Foi meio desastroso. Mosquitos, chão duro, frio, luz, barulho. Ja fiz a minha lista de novas aquisições para o espaço: uma lâmpada de cabeceira, citronella, cobertor e um forro + macio entre mim e o plástico bolha.
Hoje de manhã nao fiz nada do que havia planejado. Acabei indo tomar cafe da manhã em casa, junto com o Phil. De volta à Galeria, a luz havia caído e não tinha como usar o computador. Me joguei na limpeza e na organização do espaco. É gostoso arrumar a casa!!!!!!
Observações:
1- Bom voltar para UnB, uma nostalgia boa. Das árvores. Dos prédios. Das pessoas.
Será que eu vou querer voltar para a 412N?
2- Vou trazer um brinquedo de casa para cada dia passado aqui. Minha coleção particular dentro da Galeria.
3- As visitas que recebi naabertura da exposição: Mônica, Medina, Hilan e Fabi (além do Phil, é claro).
4- Tenho que correr para o Banco. Colocarei as fotos à noite.
5- Este é o meu primeiro blog. Estou adorando a idéia do diário compratilhado.
Montei minha casa coma ajuda do Phil e do Medina. Ficou legal, mas dormir foi complicado. O Phil quis dormir comigo nessa primeira noite. Foi meio desastroso. Mosquitos, chão duro, frio, luz, barulho. Ja fiz a minha lista de novas aquisições para o espaço: uma lâmpada de cabeceira, citronella, cobertor e um forro + macio entre mim e o plástico bolha.
Hoje de manhã nao fiz nada do que havia planejado. Acabei indo tomar cafe da manhã em casa, junto com o Phil. De volta à Galeria, a luz havia caído e não tinha como usar o computador. Me joguei na limpeza e na organização do espaco. É gostoso arrumar a casa!!!!!!
Observações:
1- Bom voltar para UnB, uma nostalgia boa. Das árvores. Dos prédios. Das pessoas.
Será que eu vou querer voltar para a 412N?
2- Vou trazer um brinquedo de casa para cada dia passado aqui. Minha coleção particular dentro da Galeria.
3- As visitas que recebi naabertura da exposição: Mônica, Medina, Hilan e Fabi (além do Phil, é claro).
4- Tenho que correr para o Banco. Colocarei as fotos à noite.
5- Este é o meu primeiro blog. Estou adorando a idéia do diário compratilhado.
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